Viver a teoria: naturalismo e animismo em Croire aux fauves, de Nastassja Martin = Living the theory: naturalism and animism in Nastassja Martin’s Croire aux fauves = Vivir la teoría: Naturalismo y animismo en el libro Croire aux fauves, de Nastassja Martin

O artigo apresenta uma leitura do Antropoceno como o tempo das catástrofes e da intrusão de Gaia, conforme a concepção de Isabelle Stengers. Em seguida, discute as limitações da literatura face aos problemas ecológicos do Antropoceno, seguindo as impressões de Amitav Ghosh, para quem a produção lite...

Full description

Saved in:
Bibliographic Details
Main Author: Brito Junior, Antonio Barros de
Format: Article
Language:Spanish
Published: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul 2024-01-01
Series:Letras de Hoje
Subjects:
Online Access:https://revistaseletronicas.pucrs.br/fale/article/view/45821/28746
Tags: Add Tag
No Tags, Be the first to tag this record!
Description
Summary:O artigo apresenta uma leitura do Antropoceno como o tempo das catástrofes e da intrusão de Gaia, conforme a concepção de Isabelle Stengers. Em seguida, discute as limitações da literatura face aos problemas ecológicos do Antropoceno, seguindo as impressões de Amitav Ghosh, para quem a produção literária contemporânea oculta os desastres ecológicos e os desafios políticos resultantes do aquecimento global e de seus corolários. A partir disso, o artigo demonstra como o livro Croire aux fauves, da antropóloga francesa Nastassja Martin, pode ser considerado uma literatura que reflete sobre o Antropoceno, por meio do registro autobiográfico da autora e das considerações teóricas sobre a comunidade even, população indígena do Ártico russo. Com base na narração do episódio verídico central do livro, em que a autora foi atacada por um urso nas montanhas de Kamtchátka, na Rússia, sustenta-se que a obra está estruturada em uma composição híbrida: há, por um lado, a combinação entre autobiografia e relatório de pesquisa, e, por outro, a mescla de narrativa trágica com literatura especulativa. O hibridismo formal do livro está relacionado à dicotomia entre naturalismo e animismo, segundo o antropólogo Philippe Descola, de modo a demonstrar como a oscilação entre essas duas correntes de pensamento limita, primeiramente, a interpretação de que o ataque do urso à autora pode ser compreendido sob a ótica naturalista do acidente e do trágico. Em segundo lugar, essa ambiguidade abre caminho para uma interpretação sob a perspectiva imanentista do evento, a partir daquilo que a autora denomina de pragmática animista
ISSN:0101-3335
1984-7726